sábado, 12 de fevereiro de 2011

JEQUIÉ E O SEU DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Jequié é um município brasileiro do estado da Bahia. Está a 365 Km de Salvador, no sudoeste da Bahia, na zona limítrofe entre a caatinga e a zona da mata. Jequié é conhecida por possuir um clima comparável ao verão carioca. Cercada de montanhas, a cidade sofre com o calor durante quase todo o ano. Em dias de verão a temperatura pode chegar a 45° C.


A cidade se desenvolveu a partir de movimentada feira que atraía comerciantes de todos os cantos da região, no final do Século XIX. Pertenceu ao município de Maracás de 1860 a 1897. Jequié é originado da sesmaria do capitão-mor João Gonçalves da Costa, que sediava a Fazenda Borda da Mata. Esta mais tarde foi vendida a José de Sá Bittencourt, refugiado na Bahia após o fracasso da Inconfidência Mineira. Em 1789, com sua morte, a fazenda foi dividida entre os herdeiros em vários lotes. Um deles foi chamado Jequié e Barra de Jequié. Em pouco tempo, Jequié tornou-se distrito de Maracás, e dele se desmembrou em 25 de outubro de 1897, tendo como primeiro intendente (prefeito) Urbano de Souza Silva Brito Gondim.

Jequié não ganhou com sua emancipação o título de cidade, pois se fazia necessário uma população superior a dois mil e quinhentos habitantes. Somente em 13 de junho de 1910 Jequié passou de povoado à categoria de vila para o status de cidade conforme a legislação vigente.

HISTÓRICO

Nos primórdios, sua economia se baseava no cultivo de cacau, café, farinha, cereais, e outros gêneros da região eram conduzidos nos lombos dos burros até Nazaré e Aratuipe que, depois de descarregados, seguiam em saveiros para Salvador.

A pecuária e a agricultura foram a base de todo desenvolvimento de Jequié.


Tropas de burros conduzindo mercadorias


A partir de 1832, algumas boiadas, vindas de Minas Gerais, percorriam terras jequieenses, buscando Curral dos Bois, onde permaneciam por dois ou três dias recuperando-se da longa caminhada. Anos mais tarde Curral dos Bois perdeu essa condição em favor de outro ponto, que passou a ser conhecido como Curral Novo ( O Novo o curral) atual Bairro do Curral Novo.

A criação bovina deu origem à civilização do coro, assim chamada porque, no interior, as camas, as bruacas, as roupas e os objetos de uso pessoal passaram a ser confeccionados com a pele bovina.

A chegada dos trilhos a Jequié acelerou ainda mais os negócios da região.

O comércio jequieense foi largamente beneficiado com a vida da ferrovia. Durante o seu funcionamento constituiu um canal de importação de produtos industrializados dos grandes centros, que eram distribuídos por toda a região e de exportação dos produtos d a terra. A cidade alcançou nos primeiros tempos, à sua situação privilegiada, o patamar de “boca do sertão”.

Feira Semanal na Pça. Ruy Barbosa- 1930

Pça. Ruy Barbosa - 1960

Pça. Ruy Barbosa- 2011


O APOGEU E O DECLÍNIO DA ECONOMIA CACAUEIRA


A cultura do cacau foi um dos principais fatores na economia da baiana. Em meados do século XVIII, o cacau tinha atingido o Sul da Bahia. Ilhéus, a maior cidade do Sul da Bahia, na região conhecida como a Costa do Cacau.

Transporte de cacau pelo rio Jequitinhonha

Chamado de fruto de ouro, o cacau fez fortunas incalculáveis no século passado, criando uma casta de coronéis abonadissimos, que mandavam e desmandavam na região. Tornou-se grande produto de exportação. Os proprietários chegavam a possuir mais de um veículo novo trocando-os anualmente.


A história da cacauicultura na Bahia se confunde com a própria história da região, pois o cacau fez o desbravamento para o interior, fundou cidades, formou gerações.


Fazenda Providencia em Jequié-Ba – 1930

Fazenda do Coronel João Carlos Borges de Souza

avô do ex-governador da Bahia César Borges


O cacau criou uma civilização no sul da Bahia, um patrimônio, uma identidade histórico-cultural determinada pela atividade agrícola.


Estufa p/secagem do cacau

Particularmente na cidade de Jequié, na região da Mata, precisamente no Distrito de Florestal, a cacauicultura representou um forte indicador econômico para o município de Jequié.

FLORESTAL - Pça. Ananias Porto


Colheita do Cacau

A existência de um modelo econômico-social na região Sudeste da Bahia, fundamentado na monocultura do cacau, contribuiu, no passado, para uma forte concentração de renda e dos fatores de produção. Este modelo encontra-se em forte crise desde meados da década de 80, com produtores endividados, propriedades abandonadas, unidades industriais inativas e um enorme contingente de trabalhadores desempregados. Estima-se em mais de 100.000 empregos extintos. Além do declínio prolongado dos preços do cacau, no mercado internacional, o aparecimento, no ano de 1989, da vassoura-de-bruxa, doença de origem amazônica que ataca o cacaueiro e causa enormes prejuízos, foi mais um elemento intensificador da crise, a qual obrigou a região buscar novas alternativas de geração de emprego e renda (ARAUJO, 1997).

Segundo ARAUJO (op. cit), apesar da grande riqueza gerada pela cultura do cacau, apenas parte dela foi investida na região, com ampliação da área plantada e gastos em infra-estrutura, não ocorrendo a prudência de investir os excedentes de capital em atividades industriais, a exemplo do que ocorreu em São Paulo, onde, de acordo com CANO (1990), parte da riqueza gerada pelo café era investida em atividades industriais secundárias. Quando ocorreu a crise do café, aquele estado já possuía um sólido complexo industrial, tornando a atividade secundária em principal.

A situação de crise da cacauicultura não se mostrou efêmera, mas provocando uma mudança permanente na sua área de influência. Alguns trabalhadores rurais, mini e pequenos produtores, além dos trabalhadores ligados a outros segmentos da cadeia produtiva do cacau tiveram que buscar em outras regiões oportunidades de trabalho, o que provocou um esvaziamento do meio rural e de alguns centros urbanos da região. Essa situação também teve reflexos negativos sobre a receita municipal vinculada ao tamanho da população (ARAUJO, 2000).

Para reverter esse quadro, os diversos agentes da região do Vale do Rio das Contas, fizeram uma grande mobilização, detectando as potencialidades regionais e se articulando na busca da recuperação econômica e social da região. Segundo CARVALHO (2000), para que o desenvolvimento endógeno ocorra, cabe à iniciativa privada vontade, decisão, sugestão de caminhos e reivindicações.

A cultura do Cacau em 1930 no Estado da Bahia onde a produção atingiu a 1.500.000 sacas de 60 kg por safra e considerado o melhor nos mercados estrangeiros

Os Antigos fazendeiros, que chegavam a colher 8.000 arrobas de cacau por safra, hoje . Aqueles homens ricos e famosos por sua produção de cacau chegavam a vir à Jequié, que era e ainda é a maior cidade dessa microrregião, comprar pão. Claro que eles vinham esnobar, gastar dinheiro

A CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueiora) tem sido um órgão de a grande apoio para os cacauicultores da região.

Embora a CEPLAC se esforce para providenciar clonar mudas de cacau ou usar outros tipos de técnicas para dar-lhes mais resistência à praga designada “vassoura de bruxa” e, assim, modificar a situação desfavorável àqueles produtores, não há muito perspectiva de melhora à curto prazo, já que há outros pontos de produção no mundo que superam extraordinariamente nossa produção que já foi a segunda maior do mundo.

CACAU CLONADO

Atualmente na região de Jequié, no distrito de Florestal, o cacau clonado, tem representado a esperança de muitos produtores pois aclonagem tem apresentado resultados satisfatórios.

Festival do cacau em Flor- Florestal


Festa do Cacau Clonado

Em 18 de novembro de 2010 aconteceu no distrito de Florestal a VII Festa do Cacau Clonado de Florestal, , marcando o inicio da clonagem dos cacauais da região. A clonagem do cacau deu-se a partir da infestação da vassoura-de-bruxa, um fungo que ataca os cacaueiros desde a década de 80. Nos últimos anos houve um aumento na produção de cacau na região de Florestal devido ao bom manejo e acompanhamento técnico da CEPLAC.

Apesar da enfermidade, o cacau ainda se constitui numa grande alternativa econômica para o Sul da Bahia.


Festa do cacau clonado lança selo
comemorativo com circulação nacional


Na festa do cacau clonado o Correios lançou o carimbo comemorativo e o selo personalizado em homenagem a festa e terá circulação nacional. O Coordenador Regional de Suporte dos Correios na Bahia, Roberto Loureiro Plech, representou a Diretoria Regional da EBCT/Bahia e presidiu ao lado do prefeito de Jequié, Reinaldo Pinheiro, de secretários municipais, do representante da Associação dos Moradores de Florestal, agricultor Pedro Braga Silva e do chefe do Cenex, Elieser Correia.


AGRADECIMENTOS

A Raimundo Meira, jornalista e diretor do Museu Histórico de Jequié que se mostrou bastante solícito no empenho de nos fornecer todas as informações disponiveis do acervo para a viabilização deste Blog.


REFERÊNCIAS:

FOLGUEIRA, Manuel Rodriguez -Album Artistico Commercial e Industrial do Estado da Bahia - 1930

ARAÚJO, Emerson Pinto de - A Nova História de Jequié - EGB Editora - Salvador - 1997

Disponível em< http://www.costadocacau.com.br/pt/amuleto.phpoal.> Acesso em 08 de fev de 2011

Disponível em <http://www.jequiereporter.com.br/blog/archives/11701 > Acesso em 08 de fev de 2011

Disponível em <http://www.ceplac.gov.br/radar/Artigos/artigo25.htm > Acesso em 11 de fev. 2011

Disponível em <http://www.souzaandrade.com.br/blog08/?p=11885> Acesso em 11 de fev. 2011

Disponível em <http://iedasampaio.blogspot.com/2007/04/cuide-bem-de-sua-vida.html > Acesso em 12 de fev 2011